Todos os Estados passam, mais ou menos, pelos mesmos níveis de desafios, nesta altura, em que os principais atributos do sistema de livre mercado estão a ser postos em causa. A livre circulação de pessoas, bens e capitais está a ser limitado e, nalguns contextos, constrangido, mas não há dúvidas de que a necessidade de manter funcional o Estado, viável as empresas e viva as famílias é insubstituível.
Em Angola, as autoridades procuram ajustar-se às imposições da presente conjuntura para, na senda de um conjunto de passos que visam retirar ao Estado o papel omnipresente na economia, começar a “cobrar” aos operadores privados e parceiros as atribuições que lhes cabem.
A atual experiência relacionada com a volatilidade nunca antes vista do preço do barril do petróleo, obriga, de alguma maneira, que comecemos a encarar, com mais seriedade, a ideia de “colocar de lado o petróleo” como uma espécie de tutor da economia. E se olharmos para as tendências relativas a cortes na produção petrolífera, como prevêem os países produtores e os cartéis, o futuro imediato parece claramente sombrio para as economias que pretendam continuar a ter o petróleo como principal referência do Produto Interno Bruto (PIB). Esse estado de coisas para países como Angola pode dar lugar, naturalmente, a um período novo baseado na ideia de que, a economia não petrolíferas tem pernas para se afirmar. Na verdade, atendendo às reformas que o sector tributário viveu, vimos nos últimos tempos as receitas não petrolíferas a subir numa proporção significativa e encorajadora. Parece ter chegado o momento que muitos previram, o da necessidade de se encarar seriamente a “colocação de lado o petróleo” para dar espaço às outras ferramentas da economia.