Quando oiço falar em empreendedor e, como sempre, na maioria das vezes pessoas como eu são esquecidas, não entendo o que é que se pretende com a ideia de empreendedorismo. Empreendedor não é só aquele que tem uma empresa ou negócio “chic”, bem instalado numa zona nobre e tal. Nós que estamos nos mercados, que mantemos as nossas famílias com sucesso também somos empreendedores porque conseguimos sustentar e aguentar a escola dos nossos filhos e filhas com o dinheiro do nosso empreendedorismo. O Estado e as suas instituições devem continuar a ver a todos como empreendedores, desde que o seu negócio ajude no pagamento de impostos e crescimento do país.
O indivíduo visto como empreendedor em Angola é capaz, mesmo sem apoio, de abrir o seu negócio e caminhar com pernas próprias e fazer sucesso. Desde a música, passando pelo futebol, estudos e pequenas tarefas, o homem e a mulher angolanos são empreendedores. Em todo o caso, julgo que está na hora de as autoridades ponderarem a criação de uma escola de empreendedorismo para dar as ferramentas. A propensão para o empreendedorismo está lá, o que falta são as ferramentas para que os passos dados neste sentido tenham melhor orientação e precisão. As pessoas com inclinação para o empreendedorismo precisam de ser devidamente orientadas para encaminharem bem as suas energias e capacidades criativas. E se esta e outras iniciativas tiverem a escola como o berço, tendo um ensino inovador e professores competentes não há dúvidas de que chegamos lá com mais facilidade. Afinal, ser empreendedor também representa uma forma de estar e viver numa sociedade como a angolana em que há, cada vez mais, novos desafios. Acredito que os jovens angolanos são empreendedores.